quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Coaf: operação atípica no TRT foi de doleiro

18-01-2012


Fonte: jornal O Globo
O presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, disse ontem que o servidor do Judiciário do Rio que aparece no relatório do órgão com movimentações financeiras atípicas de R$282,9 milhões é um ex-doleiro que já está sendo alvo de investigação da polícia.

"No fundo, boa parte da movimentação dessa pessoa é porque, antes de estar no Judiciário, ela tinha uma participação numa casa de câmbio, uma sociedade, e nos nossos bancos de dados ela apareceu com essas movimentações. Até pensei em ligar para o presidente da OAB do Rio para tranquilizá-lo de que, na verdade, as coisas não são tão assustadoras quanto parecem", afirmou o presidente do Coaf, ao deixar a sede do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Rodrigues afirmou que o funcionário do Tribunal Regional do Trabalho do Rio já havia sido preso, mas não revelou sua identidade e nem a função que exerce no tribunal:

"O sujeito estava envolvido numa operação que até saiu nos jornais e chegou a ser preso".

Relatório feito pelo Coaf, a pedido do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), listou cerca de 3.500 movimentações financeiras atípicas, envolvendo servidores da Justiça (magistrados e funcionários) de todo o país entre 2000 e 2010. As maiores irregularidades foram detectadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. O documento deu início a uma investigação da corregedoria do conselho. Em dezembro, a apuração foi interrompida por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido de entidades da magistratura.

Na visita ao presidente do TJ-SP, Ivan Sartori, o presidente do Coaf também deu explicações sobre os dois casos de movimentações atípicas envolvendo servidores do Judiciário paulista. Em um caso, o dinheiro movimentado seria referente a um investimento numa empresa feito pelo servidor. No outro, a movimentação suspeita teria sido realizada por uma pessoa ligada ao servidor numa transação irregular de venda de títulos públicos. Ambos estariam sob investigação policial.

Sartori disse ontem que vai encaminhar pedido oficial à polícia para saber sobre essa apuração e os nomes dos servidores investigados.

Em Brasília, ainda pela manhã, o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, esteve reunido com a corregedora do CNJ, ministra Eliana Calmon, e disse que pediria à Procuradoria-Geral da República para investigar o integrante do TRT que movimentou R$282,9 milhões em 2002. O presidente da OAB também quer saber se o Ministério Público investigou o caso em 2002.

Segundo Wadih, Eliana Calmon estava frustrada por não poder mais atuar no caso.

"Nesse momento, o CNJ não pode fazer nada, porque há decisões do STF suspendendo qualquer investigação. A ministra se mostrou bastante decepcionada, acabrunhada com essa situação. Ela está de mãos atadas", contou.

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