segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Taxa de homicídios no Rio é a menor em 30 anos


Do jornal O Globo

03/01/2010 - O Instituto de Segurança Pública deverá divulgar amanhã os índices de criminalidade dos meses de setembro, outubro e novembro, que registraram uma queda de 14,4% no número de homicídios no estado em relação ao mesmo período de 2008, reduzindo a taxa para 36 mortes por cem mil habitantes. A menor dos últimos 30 anos. Encorajado com os primeiros resultados de seu plano de metas contra a violência - que conseguiu, após seis meses de implantação, reverter a tendência de aumento registrada nos primeiros três anos de sua administração -, o governador Sérgio Cabral lança um novo desafio para o seu último ano de mandato: reduzir as ocorrências em 6% por semestre. Se reeleito, ele promete derrubar a taxa para, no mínimo, 23 mortes por cem mil habitantes até a Copa de 2014, alcançando assim a média nacional.

Esta meta levaria o estado aos índices de violência do início da década de 80. Para alcançar esse resultados, a Secretaria de Segurança inaugura em janeiro a nova Divisão de Homicídios, ampliando a equipe de 80 para 250 policiais e avocando para lá todos os assassinatos que ocorrerem no estado.

Uma nova tropa de elite, com 360 policiais em 180 motocicletas, patrulhará a cidade seguindo a mancha criminal: "A maior referência civilizatória eu diria que é o índice de homicídios. É o principal, o mais importante. Nós assumimos o governo em janeiro de 2007 com uma taxa de 39,5 mortes por cem mil habitantes. Chegamos a 36. Ainda não fechamos os números de dezembro, mas acredito que vamos conseguir terminar o ano com menos homicídios do que em 2008", disse Cabral, em entrevista ao GLOBO na véspera do início das chuvas que causaram dezenas de mortes no estado.


Elucidação de homicídios no estado não chega a 3%

O governador atribui a queda ao modelo de gestão criado a partir de estudos do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Gestão (INDG) e do projeto desenvolvido pela subsecretaria de Inteligência, que estabeleceu metas de redução de criminalidade.

Ele cita ainda o sucesso das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a política de metas de segurança, a integração cada vez maior entre as polícias Civil e Militar e as ações de combate ao tráfico e às milícias. Cabral espera, com a nova divisão, aumentar a taxa de elucidação de homicídios, que hoje não chega a 3% do total de casos: "Acreditamos que a reincidência no homicídio é muito grande. São alguns matando muita gente. A divisão terá responsabilidade e autonomia para assumir o crime no momento da ocorrência. A polícia preserva o local até a chegada da equipe da divisão, que terá investigadores e peritos. A mesma equipe que iniciou o caso irá ficar responsável por ele, agilizando a investigação."

Carro-chefe da política de segurança, as UPPs chegarão, a partir de abril, à Zona Norte. A ocupação pelas tropas de elite começam depois do carnaval: "As operações devem casar com a formação dos policiais.Este ano, iremos formar mais três mil policiais, sendo 1.400 em abril. As UPPs já beneficiam cerca de 160 mil habitantes, mas, até o fim de 2010, estarão atendendo, no mínimo, 400 mil habitantes. As primeiras ocupações de 2010 deverão beneficiar moradores da região da Grande Tijuca e do subúrbio, mas também de algumas áreas ainda da Zona Sul", afirmou o governador.

Cabral ressaltou a necessidade de o efetivo dessas unidades ser de jovens treinados para policiamento comunitário: mdash; Não é preconceito com o policial antigo, mas a maioria sofreu algum tipo de estresse em algum momento de sua vida profissional nessas comunidades.

Ou porque perdeu um amigo ou porque trocou tiros. Lembra um pouco a sofreguidão do personagem capitão Nascimento no filme Tropa de Elite, em que ele se sentia quase que enxugando gelo. Nossos policiais de elite não precisam mais se sentir enxugando gelo. Os policiais que ocuparam a Tabajaras e os Cabritos sabem que só retornarão àquelas comunidades como cidadãos, para visitá-las.

O governador anunciou o aumento de R$ 1.000 para R$ 1.500 da gratificação para os policiais do Bope e da Core. Para Cabral, a gratificação de R$ 350 para policiais da ativa que trabalham nas ruas levou dois mil PMs de volta aos quartéis. Segundo ele, o Bolsa Formação, um convênio com o Pronasci, garante hoje uma gratificação de R$ 400 a 25 mil policiais da ativa. Mas lembrou que uma medida provisória do presidente Lula deverá criar o Bolsa Olímpica, que dará a todos os policiais da ativa uma gratificação maior: - Esta gratificação, somada às gratificações que o estado já paga, vai nos permitir, dependendo do valor, tirar o policial do bico mexendo na escala. Dobraremos o número de policiais nas ruas.

A repressão aos roubos de rua, que foram o calcanhar de aquiles dos três primeiros anos do governo - só roubos a transeuntes subiram quase 50% de 2006 a 2008 -, também irá ganhar um reforço com o Projeto Garupa: "Serão 480 motos, 300 irão para os batalhões e 180 para o Projeto Garupa, um grupo de elite, com 360 policiais, que irá reforçar o policiamento nas áreas de maior incidência."

Cabral anunciou que, em 1ode fevereiro, entrará em funcionamento a barreira fiscal, uma operação permanente nos acessos ao estado pelas estradas: "O Rio hoje é um queijo suíço. Vamos fechar os acessos. Serão 186 policiais militares e 200 fiscais de renda para reprimirem roubo de carga, sonegação, contrabando de armas, pirataria e drogas. A perspectiva, inclusive em termos de receita, é de, no mínimo, R$ 50 milhões por mês."

A nova estrutura funcionará em Angapi, em Itatiaia, onde está sendo montado o Centro de Comando e Controle, com barreiras virtuais, através de câmeras de monitoramento.

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